Foi feito falar em nome de filho morto
Foi feito lembrar dos campos de longínquos tempos
Foi feito descoberta de segredo antigo
Foi feito rasgo em carta colada no envelope
Foi feito dente sangrando a dor da gengiva
Foi feito criança perdendo o irmão
Foi feito pedra riscando tronco
Foi feito corpo depois do quarto
Foi feito papel voando e caindo
Foi feito palavra em suspensão
Foi feito delito em véspera
Foi feito déjà vu despreendido do átimo
Foi feito despedida esquecida
Foi feio despir-se na sala
Foi feito foto com verso no verso
Foi feito risco em trecho de livro
Foi feito deitar tateando no escuro as roupas jogadas na cama
Foi feito ver uma menina perdendo os cabelos nos dedos da mãe
Foi feito fim de capítulo
Foi feito suspense em tragédia
Foi feito chegada de seca em lugar próximo
Foi feito catar flor de avó no quintal sonolento
Foi feito tosse no fundo da casa
Foi feito profecia desmaiada na Bíblia
Foi feito fio preto solto nas contas marrons
Foi feito beijo seguido de susto
Foi feito pergunta envolta por sua resposta
Foi feito casamento perdido no telefone
Foi feito cólera expulsada pelo vício
Foi feito repetição abandonada
Foi feito ver balões cheios de ar vazando
Foi feito cochichar uma farsa
Foi feito armação para cria de rato
Foi feito memória extirpada, doada
Foi feito afogamento e sorte
Foi feito encolhimento e fome
Foi feito por mim, por ti, pelo que há de ser do mistério
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
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Um comentário:
tens uma escrita interessantíssima.
:)
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